sábado, 26 de dezembro de 2015

Gratidão

Arrumando as malas para a próxima viagem pensei sobre o que colocaria dentro dela. 

Talvez, se externalizasse o questionamento, alguns me responderiam para levar roupas leves e confortáveis para o verão ou talvez as mais novas e mais bonitas que tenho no meu guarda roupa.

No entanto eu já tinha resolvido que tipo de bagagem estou disposta a carregar: Peguei a maior mala que encontrei e comecei abrir as gavetas. Enquanto separava algumas coisas, comecei lembrar de como esses dias foram esperados, planejados e tão sonhados.

Lembrei-me também de quantas vezes perdi o animo para o que quer que fosse, e pensei até em desistir. Alguma coisa aqui dentro, dizia que se eu fosse pra um lugar diferente, com uma paisagem bonita, tudo que fosse contrario as minhas vontades ficaria pra trás, mas quando a ficha caia que não era bem assim, as expectativas diminuíam. 

Observei que todos os momento que fui grata, mesmo com as dificuldades, tudo se tornava mais leve.
Cheguei a conclusão que: quem acolhe um benefício ou uma prova com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida com a vida.

Cai na real que independente de onde estivesse tudo permaneceria exatamente como é. E que se não for da forma que desejo, devo mudar o meu modo de olhar. Isso não mudaria nada na situação, mas seria menos doloroso. 

E foi assim que eu enchi a minha mala de GRATIDÃO e bons sentimentos. Não estou falando da minha mala de viagem, mas sim da bagagem que vou carregar pelo resto da vida, não importa se eu tenho mais uma semana ou mais 50 anos pela frente. 

Essa sim, é uma bagagem muito mais importante que qualquer outra. Quanto a outra mala pouco importa o que tem dentro, nada tem tanto valor quanto a gratidão que tenho dentro do peito. 

Minha saúde física pode até não ser a melhor possível, mas essa eu joguei dentro da mala de roupas, junto com alguns remédio. Mas a minha saúde emocional, essa sim eu posso afirmar que está 100% curada dentro da mala da gratidão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Você poderia ser um lama, mas é um grande Paralama...

Deitada com o celular na mão, observo a timeline de algumas pessoas. É engraçado como vejo de tudo por ali, festas no final de semana, homenagens e gente defendendo aos animais de estimação, piadas engraçadas, outras cruéis e até manifestações políticas raivosas.

Pela maioria, das publicações eu passo batido sem se quer deixar um like, mas curto as indicações culturais, as viagens de amigos mais íntimos, o bom-humor de uns, a fé de outros e as alegrias alheias de um modo geral. As vezes me pergunto: "onde me encontro em meio a tanta informação?"

Bem, fisicamente eu ainda me encontro no quarto, dentro do meu universo. É impressionante como o lugar que habitamos conta tudo sobre nós. Aqui nesse lugar com  uma parede rosa, um tanto quanto chamativa, com uma cortina verde que "combina pra caramba" com o resto da decoração é que eu me escondo, me perco e me acho.

Offline que me reencontrei, tenho deixado o celular mudo, dentro da bolsa, na lateral da cama ou em qualquer lugar que não atrapalhe de ouvir meus pensamentos.

No móvel do quarto tem alguns cds e livros espalhados. No rádio toca uma canção velha, talvez muito mais velha do que eu. Eu gosto do que está tocando relaxa a minha mente, me transporta pra longe e mesmo sem sair do meu quarto eu consigo ir onde eu quiser.

Dei atenção plena para aquela canção, me surpreendo como algumas músicas casam de tal forma comigo que parece até que foi feita especialmente pra mim.

Fui me deixando seduzir, música após música. Cada pedacinho de letra eu ouvi com a alma!
Me lembrei que já havia visto cantando pessoalmente, me senti privilegiada com a recordação e por um dia ter ficado tão perto de alguém que tanto admiro.

Assisti-lo pela primeira vez foi fantástico. Me lembro exatamente da mistura de emoções que senti quando fui convidada por uma amiga pra assistir ao show, quase explodi de tanta felicidade, o coração palpitava, deixar de conhece-lo somente por estereótipos era surreal.

Quando estávamos frente-a-frente, eu não mais vi: "o jornalista, o compositor, o cara do time de Brasília, o irmão do famoso antropólogo Hermano Vianna, o cara que caiu do ultraleve em Angra dos Reis."

Quando encontrei com ele pessoalmente, reencontrei a melhor parte mim. Reencontrei com a minha história contada em forma de canção, reencontrei com as minhas melhores lembranças, reencontrei com os meus melhores tempos...

Recuperei minha inocência, me fez sorrir por fora e por dentro, acho que até meio paralisada eu fiquei!
É uma questão de sobrevivência de vez em quando entrar em um território neutro pra ouvir aquele careca em uma cadeira de rodas, que canta com amor, alma, coração e celebra o que ainda existe de puro nesse mundo, apesar de as vezes também oscilar entre uma canção e outra sobre nossa vexatória politica.

Soa meio absurdo falar sobre isso, amor e pureza no meio das turbulências que vivo no meu mundo externo e interno, mas o espetáculo dele é doce. Roqueiro de corpo e alma, mas doce, poético. Não só pelas letras de suas canções, mas também por toda a sua superação de vida. Como ele mesmo costuma dizer: "Encima dessas rodas também bate um coração".

Ele é capaz de me fazer enxergar o que está por dentro, encontrar as respostas que procuro. As respostas sempre estão dentro de nós. A verdade dos fatos é sempre a narrativa que contamos pra nós mesmos.

Se fosse pra falar da minha, poderia começar assim: "Se eu queria enlouquecer esse é o romance ideal..."
Estranho seria se eu não me comovesse, se eu não viajasse pra longe ouvindo tuas músicas, se eu não passasse horas do show ou até mesmo igual agora ouvindo os cds, recordando meus ex-amores e sonhando com os amores que um dia virão.

Impossível  não me arrepiar, com jeito de apaixonar corações ao ver alguém tão entregue à própria verdade e ao sentimento, de levantar as multidões mesmo não saindo lugar a noite toda.

Não tem como não se render à raridade da emoção, essa que tanto apanha da razão. Ouvir cantar é como uma mantra que acalma, você poderia ser o Lama da minha vida, funciona como um mantra, mas na verdade você é um Grande Paralama!

Herbert das minhas dores, dos meus amores, da minha adolescência, da minha experiencia, trilha sonora dos meus sonhos e da minha vida real. Passei tanto tempo viajando sobre o tempos que passamos "juntos" que o cd já tocou por completo e começou novamente e eu fui incapaz de perceber...










terça-feira, 29 de setembro de 2015

Estou deixando pra outro dia...

"- Garçon, uma dose de amnésia e duas de desapego, por favor...
- Vai uma de amor também?!
- Não, não. Deixa pra outro dia! "

(Caio Fernando Abreu)

sábado, 19 de setembro de 2015

O poder do tempo...

Remexendo em algumas coisa no meu quarto, encontrei uma fotografia. 
Inicialmente pensei não ser tão velha, porém quando parei pra recordar me dei conta que realmente o tempo passou e está passando, por incrível que pareça já se foram 10 anos desde o momento! 

Ainda refletindo sobre o tempo e sobre o que ele trás pra gente e também leva de nós, me perguntei se eu tinha mudado ou se ainda sou a mesma menina que sempre fui! É difícil encontrar uma resposta, acredito que no fundo nunca perdemos a essência do que somos, mas ao mesmo tempo é impossível ser sempre a mesma pessoa diante de tantas adversidades que passamos. Todo mundo sofre de uma batalha interna diariamente!
Diante dessa situação achei mais fácil fazer uma lista aprendizado, já que vivemos aprendendo constantemente.

O tempo me ensinou que Deus sempre soube do que eu precisei, se não recebi a maioria daquilo que queria foi porque não soube chegar até a Ele e pedir, mas isso está na lista de coisas que estou aprendendo com o tempo que passa.

Aprendi que nem todos que sorriam e batem em minhas costas dizendo serem meus amigos realmente foram ou são!

Estou aprendendo que a inveja é a alma do incapacitado, mas que o invejoso sempre admira aquele que tem algo que ele não tem, mantendo assim o admirado sempre no foco de seus pensamentos ausentes de brilho.

Aprendi que por pior que seja uma situação, ela pode ficar pior ainda se nos entregamos ao desespero e à falta de fé! Aprendi que nem sempre a paciência da espera por algo pode me contemplar com a felicidade da conquista, sendo que muitas vezes todo seria mais fácil se no lugar de espera fossemos procurar. É terrível falar de espera com alguém extremamente ansiosa, tipo eu, mas as vezes esperar também se faz necessário!
Estou aprendendo que muitas vezes em nossas vidas, temos perder alguma coisa para achar outra, que será ainda mais valiosa.

Entendi que nem sempre a palavra "desculpe-me" tem o poder de deixar as coisas como antes, talvez nunca mais volte há ser igual! O dom do perdão não está reservado a todas as pessoas nesse mundo. Que mesmo eu sendo sua amiga, sincera, companheira, mesmo assim não vou conseguir agradar as todos…

Aprendi com o tempo, que nada melhor que ele próprio para demostrar quem realmente te quer bem, ele deixa claro quem vai e quem fica. Agradeço a Deus por ter mais permanecias em minha vida, do que despedidas. Passe o tempo que passar e o que fizer, eu nunca vou pagar alguns favores recebidos de algumas pessoas, é impossível retribuir.

Hoje enxergo que no presente sempre estamos com esperança no futuro, mas que na verdade é em um determinado momento do passado que queríamos estar, um fato pra todos.

Aprendi que quando se ama uma pessoa de verdade, todos os seus defeitos se converte em qualidades ou tolerância… E se por ventura o sentimento um dia se esgota, as qualidades e a tolerância também se esgotarão, deixando em sua cabeça uma pregunta sem resposta: Como pude amar alguém assim? Eu me faço essa pergunta sempre!

Aprendo constantemente e por mais tempo que eu tenha para aprender, o mesmo nunca será o suficiente para que eu aprenda tudo que é necessário! E que nesse mundo por mais sábia que eu seja, sempre vai ter o melhor de alguém, nem que seja em apenas algo, existirá outro alguém que supere o que sei e cabe a mim, estar disposta a aprender ou não com essa pessoa.

Hoje entendo que não existe ninguém fiel por natureza, mas sim pelas consequências de suas atitudes. Vejo que por mais acompanhadas que estejam algumas pessoas, lá no fundo do seu eu elas se sentem sozinhas.

Cada manhã que se inicia é uma nova chance de aprender, mas não são todos que enxergam isso errando em algo que talvez possa ter a resposta bem a sua frente. Por mais que isso seja triste, é mais comum do que pensamos!

O tempo ensina, mas são poucas as pessoas que aprendem sua lição ou estão dispostas a aprender. Se eu aprendi todas? Claro que não! Mas cada volta é uma chance de recomeçar. De onde tirei tudo isso? Da minha cachola que não serve somente pra criar cabelos, não!

Acredito que no fundo não perdi minha essência, meu instinto de boêmia filósofa ou menina sonhadora está escondido em algum canto dentro de mim.
Juro que estou sóbria e todo esse "Mimimimi" escrevi dentro do meu quarto enquanto olhava a foto e não em uma mesa de bar!

E se alguém perguntar quem tá dizendo tudo isso, diga que me chamo Bruna. A mesma de sempre e que apesar de todas as mudanças, minha alma ainda possui a mesma leveza de quando era uma menina, sentada na escada!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Friedrich Nietzsche

"E aqueles que foram vistos dançando, foram chamados de insanos por aqueles que não podiam escuta a música"

Quem Nunca?

Quem nunca cogitou a possibilidade de morar em uma ilha deserta? Quem nunca quis ter a segurança que uma bolhar oferece e morar dentro dela também?
Quem nunca sentiu vontade de desaparecer, sumir do mapa? Vontade de jogar tudo pro alto, desistir de tudo e até mesmo desistir de viver.
Quem nunca teve um sentimento de impotência diante de uma situação que fugiu do controle?
Quem nunca pensou em mudar de cidade pra esquecer dos problemas, começar a vida do zero, em um lugar que ninguém te conheça, se esquecendo que os problemas te acompanhariam por onde quer que fosse?
Quem nunca quis uma rota de fuga? Fuga sim, fugir do mundo, fugir de si mesmo!
Quem nunca substituiu pensamentos ou sentimentos por outros?
Quem nunca quis que tudo não passasse de um sonho ruim?
Quem nunca tentou se esconder pra não sofrer?
Quem nunca quis apenas estar no cantinho, escondidinho sem que ninguém te note?
Quem nunca sentiu vontade de gritar pro mundo?
Quem nunca sentiu vontade de calar?
Quem nunca se frustrou ao perceber que não dá pra fugir dos maus momentos, mas também não dá pra desistir quando eles acontecem.
Quem nunca achou que estava enlouquecendo e que tudo isso é insano?
É talvez seja de fato tudo uma grande loucura, mas nesse mundo, insano é quem pensa que não é louco!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Dor x Saudade

Machucar o dedo na porta do carro dói? Claro que dói! Bater com a cara na parede porque não viu a coluna na tua frente também dói. Eu sempre faço isso.
Um tapa independente de onde seja dói, brincar de "lutinha" com a sua irmã e levar um pontapé dói muito. Torcer o pé? Dói pra caralho! E bater a cabeça na quina da mesa? Dói também. São tantas coisa que nos fazem sentir dor.
Mas uma dor mais forte do que tudo isso é a saudade. Essa sim dói de verdade, como mais nada pode doer nesse mundo.
Saudade daquele amigo que mudou de cidade, saudade de uma brincadeira da infância, da casa da vó. Saudade daquele doce que ninguém nunca mais conseguiu fazer outro igual o que ela fazia. Saudade de uma amiga imaginária, aquela que nunca existiu de verdade, mas que te acompanhou nas suas maiores aventuras.
Saudade de uma cidade pequenina ao interior de um estado qualquer, onde mora as pessoas que você mais ama. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais coragem e menos medo de tentar. Quem nunca sentiu saudade de si próprio que atire a primeira pedra! Saudade de um tempo que passou e não pode mais voltar. Doem todas essas saudades...
Mas a maior de todas as saudades, a mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, que ninguém é capaz de ter uma pigmentação tão perfeita, do cheiro, que nem mesmo o melhor de todos os perfumes será algo tão agradável, dos beijos onde o melhor de todos os sabores não chegará nem perto do gosto daquela boca. Saudade da presença que fez com que momentos fossem inesquecíveis e saudade até da ausência que consentiu por pirraça!
Você pode ficar até um bom tempo sem ver, mas sabia que estava lá.Você pode pegar o carro ir para um lugar distante, passar dias fora da cidade e ele ficar apenas no mesmo lugar levando normalmente sua vida cotidiana, mas sabiam-se do reencontro e se veriam, e era como se nunca tivessem se separado pois tudo ainda estava lá...
Mas quando o amor de um dos dois esfria, ao outro sobra um sentimento que ninguém sabe como lidar.
Saudade é não saber mais sobre o outro, não saber o que anda fazendo. Não saber mais se ele continua se gripando atoa no inverno, não saber se a sua pedra no rim melhorou, ou se ainda tem crises de dor no meio da madrugada. Não saber mais se ele continua fazendo tatuagens ou se parou porque não tem mais espaço no corpo pra isso.
Saudade é não saber se ele ainda ouve suas música preferidas pra se sentir mais próximo de ti, é não ouvir mais ele dizer: “Estava ouvindo Pearl Jam e lembrei de você”. Saudade é não saber se ele tem comido pão de alho da barraquinha da esquina, se ele tem assistido fielmente a novela das nove, igual costumava fazer sempre, se ele continua sentido a brisa do mar, se ele continua preferindo suco de uva no lugar de refrigerante, se ele continua jogando vídeo game, se ele continua sorrindo, se ele continua brincando, se ele continua lhe amando...
Saudade dolorida mesmo é não saber! Não saber o que fazer com as lembranças que mesmo depois de muito tempo ainda vão continuar sendo recente, não saber como fazer aquelas tarefas que lhe trazem recordações de um passado que parece recente, não saber como parar o choro diante de uma música que costumava escutar no carro dele, não saber como vencer um silêncio que apenas ecoa sobre a noite.
Saudade também é não querer saber! Não querer saber se ele está com outra no seu lugar, se ele está feliz sem a tua presença, ou se também sente tua falta! Não querer saber se ele está mais magro ou se engordou, não querer saber se ele também pensa tudo isso. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama ou se amou, e ainda assim doer, mesmo que involuntariamente...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Clarice Lispector é o meu lado delicado, a Tati Bernardi é a minha revolta e meu lado mais sincero. E o Caio Fernando de Abreu? Ah, o Caio simplesmente me conhece e sai contando de mim por aí!

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

(Caio Fernando Abreu)