segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Você poderia ser um lama, mas é um grande Paralama...

Deitada com o celular na mão, observo a timeline de algumas pessoas. É engraçado como vejo de tudo por ali, festas no final de semana, homenagens e gente defendendo aos animais de estimação, piadas engraçadas, outras cruéis e até manifestações políticas raivosas.

Pela maioria, das publicações eu passo batido sem se quer deixar um like, mas curto as indicações culturais, as viagens de amigos mais íntimos, o bom-humor de uns, a fé de outros e as alegrias alheias de um modo geral. As vezes me pergunto: "onde me encontro em meio a tanta informação?"

Bem, fisicamente eu ainda me encontro no quarto, dentro do meu universo. É impressionante como o lugar que habitamos conta tudo sobre nós. Aqui nesse lugar com  uma parede rosa, um tanto quanto chamativa, com uma cortina verde que "combina pra caramba" com o resto da decoração é que eu me escondo, me perco e me acho.

Offline que me reencontrei, tenho deixado o celular mudo, dentro da bolsa, na lateral da cama ou em qualquer lugar que não atrapalhe de ouvir meus pensamentos.

No móvel do quarto tem alguns cds e livros espalhados. No rádio toca uma canção velha, talvez muito mais velha do que eu. Eu gosto do que está tocando relaxa a minha mente, me transporta pra longe e mesmo sem sair do meu quarto eu consigo ir onde eu quiser.

Dei atenção plena para aquela canção, me surpreendo como algumas músicas casam de tal forma comigo que parece até que foi feita especialmente pra mim.

Fui me deixando seduzir, música após música. Cada pedacinho de letra eu ouvi com a alma!
Me lembrei que já havia visto cantando pessoalmente, me senti privilegiada com a recordação e por um dia ter ficado tão perto de alguém que tanto admiro.

Assisti-lo pela primeira vez foi fantástico. Me lembro exatamente da mistura de emoções que senti quando fui convidada por uma amiga pra assistir ao show, quase explodi de tanta felicidade, o coração palpitava, deixar de conhece-lo somente por estereótipos era surreal.

Quando estávamos frente-a-frente, eu não mais vi: "o jornalista, o compositor, o cara do time de Brasília, o irmão do famoso antropólogo Hermano Vianna, o cara que caiu do ultraleve em Angra dos Reis."

Quando encontrei com ele pessoalmente, reencontrei a melhor parte mim. Reencontrei com a minha história contada em forma de canção, reencontrei com as minhas melhores lembranças, reencontrei com os meus melhores tempos...

Recuperei minha inocência, me fez sorrir por fora e por dentro, acho que até meio paralisada eu fiquei!
É uma questão de sobrevivência de vez em quando entrar em um território neutro pra ouvir aquele careca em uma cadeira de rodas, que canta com amor, alma, coração e celebra o que ainda existe de puro nesse mundo, apesar de as vezes também oscilar entre uma canção e outra sobre nossa vexatória politica.

Soa meio absurdo falar sobre isso, amor e pureza no meio das turbulências que vivo no meu mundo externo e interno, mas o espetáculo dele é doce. Roqueiro de corpo e alma, mas doce, poético. Não só pelas letras de suas canções, mas também por toda a sua superação de vida. Como ele mesmo costuma dizer: "Encima dessas rodas também bate um coração".

Ele é capaz de me fazer enxergar o que está por dentro, encontrar as respostas que procuro. As respostas sempre estão dentro de nós. A verdade dos fatos é sempre a narrativa que contamos pra nós mesmos.

Se fosse pra falar da minha, poderia começar assim: "Se eu queria enlouquecer esse é o romance ideal..."
Estranho seria se eu não me comovesse, se eu não viajasse pra longe ouvindo tuas músicas, se eu não passasse horas do show ou até mesmo igual agora ouvindo os cds, recordando meus ex-amores e sonhando com os amores que um dia virão.

Impossível  não me arrepiar, com jeito de apaixonar corações ao ver alguém tão entregue à própria verdade e ao sentimento, de levantar as multidões mesmo não saindo lugar a noite toda.

Não tem como não se render à raridade da emoção, essa que tanto apanha da razão. Ouvir cantar é como uma mantra que acalma, você poderia ser o Lama da minha vida, funciona como um mantra, mas na verdade você é um Grande Paralama!

Herbert das minhas dores, dos meus amores, da minha adolescência, da minha experiencia, trilha sonora dos meus sonhos e da minha vida real. Passei tanto tempo viajando sobre o tempos que passamos "juntos" que o cd já tocou por completo e começou novamente e eu fui incapaz de perceber...