sábado, 25 de fevereiro de 2017

Só uma escritora de botequim

Estou bem longe de ser perfeita.
Tenho problemas como todo mundo, medos e indecisões assustadoras.
Me rôo por dentro quando estou ansiosa, falo demais e canto mal pra caramba.
Sou péssima quando preciso tomar uma decisão importante, acredito em anjos e em demônios também.
Tenho um riso frouxo e o choro mais ainda. Mesmo assim, não quero mudar, não vou mudar.
Não preciso me enquadrar aos esteriótipos idiotas dessa sociedade mais idiota ainda.
Não gosto e nem acredito em gente perfeita, alias desconfio de quem é bom em tudo.
Desculpe, mas eu sou feliz assim, sendo exatamente o que sou, sem máscaras e sem fingimento, de peito aberto.
Eu não sou do tipo de mulher que os caras sentem atração no primeiro olhar. Eu não sou a mais certinha do grupo de amigos e nem a mais pirada só pra chamar a atenção.
Eu não sou o orgulho da família e acho que nunca vou ser.
Eu não agrado todo mundo logo de cara e também não estou pretendendo agradar.
Posso até não ser admirada por minha delicadeza. Mas sou admirada por todos aqueles que entendem que sou o que naturalmente devo ser.
É eu prefiro ser assim, só uma escritora de botequim.

Escrevo

Escrevo. Escrevo e pronto, ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque necessito, escrevo tudo aquilo que não digo.
Necessito porque estou tonta, embriagada com minhas emoções, pensamentos e desejos.
Escrevo enquanto o dia amanhece e a noite escura vai caindo junto com as estrelas.
Lágrimas molham as letras no papel. O poema também é noite dentro de mim.
Os pássaros constroem seus ninhos, a lagarta se fecha no casulo pra viver a metamorfose da vida.
E eu? Escrevo! Apenas continuo escrevendo...
Por quê? Há não precisa de explicação. Escrevo pra ficar grafado no espaço, no tempo, na pele, na palma da mão, na pétala da rosa, grafado na alma, na luz do momento.
Escrevo tudo que penso e o que faço sem pensar, escrevo a dúvida que separa, o silêncio que grita, o escândalo que cala, a voz que não sai.
Eis na escrita a voz, a fala, eis a primeira luz que se acendeu na casa. E por não caber mais na sala entrou pela fenda da porta do quarto, enquanto eu ainda escrevo.