terça-feira, 15 de setembro de 2015

Dor x Saudade

Machucar o dedo na porta do carro dói? Claro que dói! Bater com a cara na parede porque não viu a coluna na tua frente também dói. Eu sempre faço isso.
Um tapa independente de onde seja dói, brincar de "lutinha" com a sua irmã e levar um pontapé dói muito. Torcer o pé? Dói pra caralho! E bater a cabeça na quina da mesa? Dói também. São tantas coisa que nos fazem sentir dor.
Mas uma dor mais forte do que tudo isso é a saudade. Essa sim dói de verdade, como mais nada pode doer nesse mundo.
Saudade daquele amigo que mudou de cidade, saudade de uma brincadeira da infância, da casa da vó. Saudade daquele doce que ninguém nunca mais conseguiu fazer outro igual o que ela fazia. Saudade de uma amiga imaginária, aquela que nunca existiu de verdade, mas que te acompanhou nas suas maiores aventuras.
Saudade de uma cidade pequenina ao interior de um estado qualquer, onde mora as pessoas que você mais ama. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais coragem e menos medo de tentar. Quem nunca sentiu saudade de si próprio que atire a primeira pedra! Saudade de um tempo que passou e não pode mais voltar. Doem todas essas saudades...
Mas a maior de todas as saudades, a mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, que ninguém é capaz de ter uma pigmentação tão perfeita, do cheiro, que nem mesmo o melhor de todos os perfumes será algo tão agradável, dos beijos onde o melhor de todos os sabores não chegará nem perto do gosto daquela boca. Saudade da presença que fez com que momentos fossem inesquecíveis e saudade até da ausência que consentiu por pirraça!
Você pode ficar até um bom tempo sem ver, mas sabia que estava lá.Você pode pegar o carro ir para um lugar distante, passar dias fora da cidade e ele ficar apenas no mesmo lugar levando normalmente sua vida cotidiana, mas sabiam-se do reencontro e se veriam, e era como se nunca tivessem se separado pois tudo ainda estava lá...
Mas quando o amor de um dos dois esfria, ao outro sobra um sentimento que ninguém sabe como lidar.
Saudade é não saber mais sobre o outro, não saber o que anda fazendo. Não saber mais se ele continua se gripando atoa no inverno, não saber se a sua pedra no rim melhorou, ou se ainda tem crises de dor no meio da madrugada. Não saber mais se ele continua fazendo tatuagens ou se parou porque não tem mais espaço no corpo pra isso.
Saudade é não saber se ele ainda ouve suas música preferidas pra se sentir mais próximo de ti, é não ouvir mais ele dizer: “Estava ouvindo Pearl Jam e lembrei de você”. Saudade é não saber se ele tem comido pão de alho da barraquinha da esquina, se ele tem assistido fielmente a novela das nove, igual costumava fazer sempre, se ele continua sentido a brisa do mar, se ele continua preferindo suco de uva no lugar de refrigerante, se ele continua jogando vídeo game, se ele continua sorrindo, se ele continua brincando, se ele continua lhe amando...
Saudade dolorida mesmo é não saber! Não saber o que fazer com as lembranças que mesmo depois de muito tempo ainda vão continuar sendo recente, não saber como fazer aquelas tarefas que lhe trazem recordações de um passado que parece recente, não saber como parar o choro diante de uma música que costumava escutar no carro dele, não saber como vencer um silêncio que apenas ecoa sobre a noite.
Saudade também é não querer saber! Não querer saber se ele está com outra no seu lugar, se ele está feliz sem a tua presença, ou se também sente tua falta! Não querer saber se ele está mais magro ou se engordou, não querer saber se ele também pensa tudo isso. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama ou se amou, e ainda assim doer, mesmo que involuntariamente...

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